10/06/2024 às 14h47min - Atualizada em 10/06/2024 às 14h47min
Vereador é preso em ação contra desvio de donativos em Palmares do Sul
No sábado, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão na área central do município
| Foto: Ceidelwein / MPRS
Em uma ação conjunta, a Polícia Civil e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público (Gaeco) realizaram, neste sábado (8), em Palmares do Sul, Litoral Norte, uma série de apreensões relacionadas ao desvio de donativos que teriam sido desviados por políticos da região. Um vereador foi preso e outro foi alvo de mandado de busca e apreensão, ambos determinados pela Justiça.
Esta é a segunda etapa de uma operação iniciada no início da semana. A ofensiva deste sábado teve como alvos dois políticos e um familiar de um deles. A investigação é conduzida pelos promotores de Justiça Mauro Rockenbach e Leonardo Rossi, juntamente com o delegado da Polícia Civil de Palmares do Sul, Antônio Ractz.
Embora as autoridades não tenham mencionado os nomes dos investigados, a reportagem apurou que o vereador preso é Filipe Lang, do PT e pré-candidato a prefeito de Palmares do Sul pela oposição. A prisão em flagrante ocorreu porque foi encontrado um revólver em situação irregular na residência dele. Também foram apreendidos celulares e cerca de R$ 15 mil em dinheiro.
No início da semana, foi apreendido um caminhão que teria sido utilizado por Lang para transportar donativos. Conforme apurado nas investigações, o vereador teria intermediado a distribuição de 18 toneladas de alimentos e roupas. Em vídeo, ele agradeceu à Secretaria Extraordinária pela Reconstrução do RS pelos donativos.
– Já temos provas de que parte destes donativos foi encaminhada para famílias não flageladas pelas cheias, conforme planilhas apreendidas – afirmou o promotor Mauro Rockenbach.
As buscas deste sábado também atingiram outro vereador, Polon Backes de Oliveira, do União Brasil. Ele é pré-candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada por Lang.
A maior parte do material foi encontrada no distrito de Quintão, em áreas não atingidas pelas cheias, inclusive em uma lancheria de propriedade de um familiar de um dos vereadores investigados.
O delegado Ractz ressaltou que os donativos não passaram oficialmente pela prefeitura de Palmares do Sul, como deveria ter acontecido.
— A Polícia Civil está apurando crimes praticados para obtenção de donativos e desvio de finalidade na distribuição. São investigados três vereadores, todos pré-candidatos – resumiu Ractz.
Na operação deste sábado, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão na área central da cidade e no balneário de Quintão, pertencente ao município. Outros municípios também já foram alvo de buscas do mesmo tipo, realizadas pelo MP e pela Polícia Civil.
No início da semana, uma outra ação conjunta do Gaeco e da Polícia Civil realizou buscas e apreensões na cidade. Na terça-feira (4), os alvos foram um vereador, sua companheira e um secretário municipal, todos da situação. O parlamentar é Manoel Antunes Neto, do PL. Na residência dele foram encontradas cinco cestas básicas que deveriam ser doadas pela Defesa Civil. Ele já é investigado por uso de conta bancária própria para receber benefícios destinados a pescadores. A companheira do vereador e o secretário municipal de Administração, Rodrigo Machado Martins, também foram alvos de buscas, mas nada incriminatório foi encontrado.
Os crimes pelos quais todos os suspeitos são investigados, nas duas etapas da ação em Palmares do Sul, são apropriação indébita, peculato, falsidade ideológica e associação criminosa. Os investigados não foram localizados pela reportagem. O espaço está aberto para sua defesa.
O ministro extraordinário pela reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, confirmou que a secretaria que chefia enviou as 18 toneladas de donativos para Palmares do Sul, destinados a uma igreja que deveria canalizar as doações para flagelados. Isso está registrado em documentos encaminhados à Polícia Civil.
– Fomos informados agora que o nome da igreja foi usado para repassar esses donativos a lugares que parecem não ser os apropriados e sugerimos à Polícia Civil que investigue se houve desvio de objetivo – comentou Pimenta.