A instituição mostra que resultados são positivos e percebidos por famílias e pelos próprios estudantes. Em 2023, a Organização das Nações Unidas (ONU) publicou um relatório apontando preocupações sobre o uso excessivo de celulares em sala de aula. De acordo com a agência da ONU para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), tal uso impacta o aprendizado e também as relações sociais entre os estudantes. No mesmo estudo, a Unesco aponta que pelo menos um em cada quatro países já proíbe ou limita dispositivos eletrônicos em sala de aula. Dessa forma, p colégio Raymundo Carvalho está investindo na conscientização para que o celular seja utilizado como ferramenta pedagógica e não como um companheiro inseparável dos alunos. A diretora, professora Giciéli Barúa, destaca que a ação partiu de uma decisão coletiva entre gestão e corpo docente em dezembro de 2023. Então, leituras e análises de experiências foram realizadas para fundamentar o Documento Orientador que restringe o uso de celulares e outros dispositivos eletrônicos no ambiente escolar. A intervenção iniciou no dia 19 de fevereiro, primeiro dia letivo de 2024. Nesse contexto, os alunos do EFI (1º ao 5º ano) não podem portar celulares ou outros dispositivos no colégio, sendo que para pesquisas ou trabalho com gêneros midiáticos, ocorre a utilização de chromebooks; para o EFII e EM, o objetivo é trabalhar por meio da autorregulação, por isso, os celulares ficam em suportes específicos com identificação nominal do aluno. Segundo a Coordenadora Pedagógica, Carine Jardim, correções de rotas são realizadas periodicamente, assim, em turmas em que não se identifica a autorregulação, os aparelhos são armazenados em sala separada, estabelecendo-se o distanciamento do eletrônico.
“Nossa intenção é de que os alunos tenham possibilidades de convivência presencial, evitem a intoxicação digital, além do desenvolvimento de potencial de concentração durante as aulas,” explica Giciéli Barúa, que afirma que a resposta dos alunos à normativa tem sido positiva. As mudanças também foram sentidas em sala de aula. Para a aluna de Redação, Helena Fleck, uma fala significativa da professora da turma foi de que os resultados na produção de texto sem consulta ou proximidade com o celular gerou rendimento superior na turma de concluintes do Ensino Médio, visto que, segundo ela, ao não poderem recorrer aos seus celulares para buscar informações, os alunos são obrigados a pensar de forma crítica e criativa, o que fortalece a aprendizagem. Nas relações sociais, a aluna Manoela Prigol, turma 91, destaca que as mudanças são impactantes uma vez que agora há a possibilidade de dialogarem e se conhecerem melhor na sala. Inclusive, com a professora de LP, Nilvana Vilaverde, desenvolveram um Sarau sobre Nomofobia, medo patológico de ficar distante de recursos eletrônicos, como o celular, a fim de debaterem a temática.
Nesta semana, o colégio foi convidado a compartilhar essa experiência na 7ª Semaneca de Alegrete, momento em que a aluna Helena Fleck fez um apelo às autoridades e escolas presentes para repensarem a presença do celular na escola e, de forma coletiva, normatizarem a questão.