10/07/2023 às 13h43min - Atualizada em 10/07/2023 às 13h43min
Enfermeira morta após viajar de Dublin ao Alegrete: o que se sabe e o que falta saber
Priscila Leonardi, morta aos 40 anos, era procurada desde junho após ter o desaparecimento informado à polícia por primos. Perícia apontou morte por estrangulamento e sinais de espancamento. Polícia trata caso como homicídio.
O corpo da enfermeira Priscila Leonardi, que estava sendo procurada desde meados de junho em Alegrete, foi encontrado pela polícia na sexta-feira (7) às margens do Rio Ibirapuitã, que corta a cidade da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. Priscila foi enterrada ainda na sexta, na presença de familiares e amigos.
Uma perícia indicou morte por estrangulamento e apontou lesões causadas por espancamento. A Polícia Civil afirma que os indícios apontam homicídio e investiga se o crime tem a ver com uma herança deixada pelo pai de Priscila.
Familiares e amigos se despediram da enfermeira na sexta 'Entre os herdeiros, não havia problema', diz advogado
Priscila Leonardi, morta aos 40 anos, era enfermeira. Ela morava e trabalhava em Dublin, na Irlanda, desde 2019. O último emprego de Priscila no Brasil foi em um hospital de Bento Gonçalves, e ela se mudou para a Europa para aprender inglês e se qualificar na profissão.
Os pais de Priscila já são falecidos, e a polícia investiga se uma disputa por herança tem a ver com o homicídio.
O advogado Rafael Hundertmark, que representava a enfermeira, afirma que ela tinha desafetos na família. De acordo com Hundertmark, Priscila tem uma irmã mais nova, por parte do pai, falecido em 2020. Após a morte, foi aberto um inventário para formalizar a divisão e tramitar a transferência dos bens.
Priscila e a irmã não tinham contato. No entanto, segundo Rafael, a enfermeira fazia questão que o processo fosse transparente e contemplasse a caçula. "Em momento algum, ela teve ódio dessa irmã", acrescenta.
Neste ano, Priscila entrou com outra ação contra um parente. Conforme o advogado, o processo se tratava de uma cobrança envolvendo a alienação de um imóvel que não foi paga, mas a ação ainda estava em fase inicial.
Como Priscila foi morta
De acordo com a necropsia feita no Posto Médico Legal (PML) de Alegrete, Priscila apresentava lesões possivelmente causadas por espancamento. A suspeita é de que a causa da morte tenha sido estrangulamento. Uma fita teria sido usada ao redor do pescoço da vítima.
O corpo dela foi localizado na quinta-feira (6) por um pescador em um local de difícil acesso às margens do Rio Ibirapuitã, que corta a cidade. Foram necessários botes do Corpo de Bombeiros para que o corpo fosse retirado do local. A Polícia Civil investiga como o corpo foi parar neste lugar.
O que ela fazia no Brasil
A investigação policial aponta que Priscila viajou a Alegrete, cidade onde nasceu, para visitar parentes.
Priscila teria viajado de volta ao estado também para tratar sobre uma herança deixada pelo pai, o que é investigado pela polícia.
Desde quando ela estava desaparecida Priscila chegou ao Rio Grande do Sul em 1º de junho e estava desaparecida desde o dia 19 do mesmo mês. Ela planejava ficar cerca de um mês no Rio Grande do Sul.
A enfermeira foi vista com vida pela última vez entrando em um carro preto, cujo motorista estaria prestando serviço de transporte por aplicativo, na noite de 19 de junho, após sair da casa de um primo no bairro Vila Nova. De lá, iria para a casa de uma prima, no bairro Cidade Alta, onde estava hospedada. A distância entre os dois locais é de cerca de 5 km.
A Polícia Civil começou a investigar o caso no dia 20 de junho, quando um primo e uma prima de Priscila registraram o desaparecimento dela em uma delegacia.
Quem são os suspeitos
Até este sábado (8), a Polícia Civil não apontou nenhum suspeito relacionado ao caso. Também não houve prisões.
O que diz a polícia De acordo com a polícia, o caso é tratado como homicídio. A relação da morte com uma possível disputa por herança também é investigada.
"O resultado da necropsia indicou a prática do crime de homicídio, pelas lesões que o perito constatou que ela tinha. A gente sabe que existia uma herança, um inventário em andamento, que ainda estava em aberto. É uma possibilidade para a gente", diz a delegada Fernanda Mendonça, responsável pela investigação.
O que dizem amigos e o advogado
Uma amiga afirmou, durante o enterro de Priscila, que a morte trouxe perplexidade a quem tinha relação com a enfermeira.
"Essa notícia nos trouxe um grau de perplexidade muito grande, porque ela era uma menina tranquila, tinha muitos amigos, conseguia construir uma amizade. Estamos desoladas com essa situação, essa situação trouxe uma tristeza imensa pra nós", disse Liége Monteiro, amiga de Priscila.
O advogado Rafael Hundertmark, que representava a enfermeira, confirma que ela tinha desafetos na família.
''Ela tinha desentendimento com alguns parentes, mas, entre os herdeiros diretos do pai, não havia problema'', afirma o advogado.
Como colaborar com a investigação Informações sobre o caso podem ser repassadas à polícia, de forma anônima, pelos telefones (55) 3427-0300 ou (55) 98451-1689 (WhatsApp).