Nesta manhã, a Rádio Tchê Alegrete conversou com a Profª. Drª. Mellanie Fontes-Dutra, biomédica e especialista em Virologia, Patologia Clínica e Bioquímica, além de Mestra e Doutora em Neurociências pela UFRGS, e pós-doutorada em Bioquímica e Virologia pela UFRGS e Feevale. Professora da Escola de Saúde da UNISINOS, a Dra. Mellanie é uma respeitada pesquisadora e divulgadora científica, e nos explicou os riscos à saúde associados à exposição à fumaça das queimadas. Acompanhe nossa reportagem para entender melhor os impactos e as precauções necessárias.
A exposição à fumaça das queimadas pode levar a danos diretos sobre o corpo, causando tosse, dificuldade ao respirar, irritação nos olhos, garganta e nariz, a efeitos indiretos, agravando condições respiratórias e cardiovasculares.
A tonalidade cinza do céu em Fortaleza (Ceará), ou o "sol vermelho" em estados do Sul tem impressionado e chamado a atenção de moradores em todo o país. No entanto, esses fenômenos revelam um cenário preocupante em todo o país, e que traz riscos para a saúde humana e dos ambientes: queimadas.
Danos diretos e indiretos à saúde
A exposição à fumaça das queimadas traz inúmeros riscos para a saúde humana e animal. Entre os principais sintomas diretamente associados a exposição à fumaça, segundo a Secretaria de Saúde do Ceará, são:
• dores de cabeça;
• irritação e ardência nos olhos, garganta e nariz;
• rouquidão;
• lacrimejamento;
• tosse seca;
• dificuldades de respirar;
• cansaço;
• alergias, dermatites;
Ainda, essa exposição pode indiretamente e contribuir para o agravamento de doenças cardiovasculares e respiratórias, por exemplo:
• asma;
• bronquite;
• sinusite;
• doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC);
• síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG);
Dados científicos revelam que a exposição ao material particulado de fumaças, relacionado a incêndios florestais, contribui com o aumento entre 20 a 30% nas hospitalizações por causas cardiorrespiratórias, sendo idosos e crianças as populações mais afetadas.
Riscos para gestantes
Estudos científicos apontam que a exposição durante a gestação ao material particulado em fumaças pode trazer riscos para o parto prematuro, em um estudo que avaliou os períodos de incêndios florestais no Brasil.
‘’ Isso deve ser uma grande preocupação para as autoridades de saúde pública, obstetras e formuladores de políticas - Requia, et al.’’
Segundo o estudo, a região sudeste foi a que apresentou o maior aumento no risco de parto prematuro, especialmente quando a exposição à fumaça ocorreu durante os primeiros trimestres da gestação.
Brasil em chamas
Em 2024, cerca de 3,2 milhões de hectares da Amazônia foram consumidos pelo fogo, e no Pantanal, quase 1,9 milhão, representando 12,5% do território, segundo O Tempo.
Ainda, 1.886 focos de calor, número que representa o dobro da média histórica para todo o mês de agosto, foram observados no estado de São Paulo. No interior do estado, motoristas ficaram sem visibilidade em diversas rodovias, aulas foram suspensas em Ubarana e Urupês e dois funcionários de uma usina morreram tentando controlar o fogo em uma área de pastagem, segundo o portal G1.
Medidas de proteção
Para evitar a exposição à fumaça das queimadas, em regiões afetadas, o uso de máscaras com alta capacidade filtrante, como PFF2 ou N95, são indicadas. Evitar saídas em ambientes externos atingidos pelas fumaças, usar protetor solar e manter a hidratação são recomendados.
Segundo o especialista em qualidade do ar interno e engenheiro civil Leonardo Cozac, "uso de purificadores de ar HEPA, ventilação mecânica com filtros, procurar ambientes com ar condicionado central, trocar o filtro do ar do carro" também são medidas úteis diante deste cenário, mas que também melhoram a qualidade do ar em ambientes internos, de uma forma geral.